“Mudanças climáticas são lentes de aumento de nossas desigualdades”
Afirmação foi feita durante debate sobre equidade racial e de gênero, no 1º Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades
Por Airton Goes, do Programa Cidades Sustentáveis
Na avaliação de Márcio Alvarenga Junior, integrante do Grupo de Estudos de Economia do Meio Ambiente da UFRJ, “as mudanças climáticas são lentes de aumento de nossas desigualdades sociais, econômicas, ambientais, de gênero e de raça”. Ele fez a afirmação durante o painel que debateu “Gênero, Raça e Inclusão Econômica”, no 1º Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades promovido pelo Instituto Cidades Sustentáveis.
Alvarenga Junior acrescentou ainda que as mudanças climáticas são duplamente regressivas do ponto de vista distributivo. “A riqueza e o bem-estar gerados pela produção e consumo de bens intensivos em emissões se concentram nas mãos de poucos, enquanto a consequência da mudança climática é amplamente distribuída pela população mais pobre”, considerou.
Segundo ele, para entender como isso funciona na prática, é só lembrar que quando vem uma chuva forte, não é a casa de um rico que vai ser varrida pela enxurrada e sim a de quem está morando nas encostas, nas favelas, em condições de habitação inadequadas. São essas pessoas que sofrerão grande parte dos impactos.
Portanto, em sua visão, é muito importante falar da dimensão de gênero, da dimensão racial, da justiça climática e do racismo climático. “É preciso levantar todos esses tópicos, pois as mudanças climáticas ampliarão todas as desigualdades”, reafirmou.
Para Alvarenga Junior, a nova economia, focada nos planos de recuperação verde, poderia ajudar a remediar parte destas questões.
Outro participante do debate, Daniel Teixeira, diretor executivo do CEERT Equidade Racial e de Gênero, considerou necessário avançar para uma ideia de justiça socioeconômica e ambiental, “a partir do paradigma de reconhecimento, para além da distribuição de recursos”.
Em sua opinião, também é fundamental, “entender os impactos das opressões nos diferentes grupos, para que se possa fazer política pública e programas institucionais nas empresas e em outras instituições”.
Realizado de forma presencial e on-line, o painel foi mediado por Denise Campos de Toledo, jornalista da TV Gazeta.